sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O BOPE E AS MULHERES

foto: Daryan Dornelles
Revista Marie-Claire

O nome dela é Renata Souza e é uma simpática e educadíssima hostess de uma das mais badaladas casas de massas de Campos dos Goytacazes, porém, em sua identidade secreta é formada em Ciências Sociais e concluinte do Mestrado em Sociologia Política, da Uenf. A defesa da dissertação está prevista para este primeiro semestre de 2013. Renata apresenta experiência em pesquisa quantitativa, com ênfase em gênero, sociologia e cidadania, tendo sua pesquisa de mestrado sido premiada como o melhor trabalho de Mestrado da Sociologia Política na XII Mostra de Pós-Graduação da UENF em 2012. Participante ativa de congressos, seminários e  com experiência docente, O BBA reapresenta aqui, a bela matéria que o http://uenfciencia.blogspot.com.br/ fez sobre ela

 

 

MULHERES NO BOPE

Por Ana Clara Vetromille




“Tem mulher aí?” Foi a pergunta que Renata de Souza Francisco fez ao Bope por telefone antes de dar início a sua pesquisa de mestrado em Sociologia Política na UENF. E a resposta que ela encontrou foi positiva: são seis integrantes femininas na unidade do Bope do Rio de Janeiro. Três delas são do quadro de combatentes e três do quadro de saúde.

A pesquisa, selecionada para apresentação oral, é uma das cerca de 420 apresentadas durante a XII Mostra de Pós-Graduação da UENF, realizada até esta quinta, 18/10, no Centro de Convenções da Universidade. O evento integra a programação local da IX Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, ao lado da IV Mostra de Extensão IFF-UENF-UFF.

Em pesquisa de campo, a mestranda Renata descobriu que o treinamento para soldados do Bope é de fato como mostra o filme “Tropa de Elite”. Embora sejam oficialmente aceitas, mulheres ainda não marcaram presença no curso.

- São quatro meses de “sofrimento”. O Coesp (Curso de Operações Especiais) sempre começa com turmas abarrotadas, mas poucos são os alunos que concluem o curso – acrescenta a estudante.

Em um batalhão onde a agressividade é uma característica, a pesquisadora tem por objetivo fazer uma analise sobre a participação feminina em profissões que até pouco tempo eram exclusivamente masculinas. A Polícia Militar tem mais de 200 anos, mas mulheres só fazem parte desta história há 30. Foi apenas no fim da ditadura militar que a entrada de mulheres foi permitida. Segundo a pesquisadora, existem vertentes que especulam o ingresso feminino na polícia como uma forma de dissociar a imagem da PM com a ditadura.

- Foi uma tentativa de humanizar a instituição, já que culturalmente a imagem feminina é associada a bondade, beleza, honestidade e docilidade.

Como aluna do mestrado em Sociologia Política da UENF, Renata de Souza Francisco faz visitas semanais ao batalhão. Seus estudos têm a orientação da professora Marinete dos Santos Silva, do Laboratório de Estudos da Sociedade Civil e do Estado (LESCE/CCH/UENF).